Eça de Queirós em seus dias contados
Escritor abandona suas características e volta a ser "romântico"
Eça de Queirós criou "A Cidade e as Serras" que é uma grande obra da literatura, isso ninguém pode negar, mas não lembra nem um pouco o grande Eça de outrora, com suas críticas ácidas, o seu dedo na ferida, que atirava contra a hipócrita sociedade portuguesa. Puxando muito para o Romantismo e principalmente para o Arcadismo podemos notar isso com suas menções ao campo, fazendo com que nada pareça com os textos de "O Crime do Padre Amaro", ou "O Primo Basílio".
São páginas e mais páginas de puro bucolismo, de como o campo é melhor que a cidade porque no campo tudo é mais simples, mesmo sendo mais rústico. Pelo jeito o espírito de Bocage incorporou no corpo de Eça de Queirós e resolveu escrever um romance enquanto passava por lá, exaltando as belezas do interior, com suas plantações, rios, serras e camponeses, sem o stress e a confusão da cidade grande.
Não há nada que lembre sua Magnum Opus "O Crime do Padre Amaro" com suas críticas destinadas aos clérigos e conservadores, os falsos moralistas defensores da moral e bons costumes, com toda a "lavação de roupa" da hipocrisia desses segmentos da sociedade.
Aparentemente o jovem estudante que queria mudar o mundo, revoltado com as instituições corruptas que governavam seu país já não existe mais, sobrando apenas um senhor de idade, próximo da morte, cansado da vida, querendo apenas viver seus últimos momentos em paz, longe de tudo.
Aparentemente o jovem estudante que queria mudar o mundo, revoltado com as instituições corruptas que governavam seu país já não existe mais, sobrando apenas um senhor de idade, próximo da morte, cansado da vida, querendo apenas viver seus últimos momentos em paz, longe de tudo.
Víctor de Almeida e Silva